Hamilton de Holanda comemora os dez anos de seu bandolim de 10 cordas com um álbum solo gravado em tour pela Europa. O CD Esperança, lançamento do próprio selo Brasilianos, tem a estrutura tão simples quanto os shows. Destaca a arte do músico que, com uma receita artesanal faz seu caminho.
No palco, e agora em mais um ótimo disco, apenas o músico e seu instrumento, fiel parceiro. O bandolim de 10 cordas é criação do próprio Hamilton que concebeu as modificações - a partir do bandolim normal de 8 cordas - e encomendou a um luthier como forma de experiência. O que era para ser um protótipo - feito com madeira barata, como conta no release - virou o instrumento oficial de Hamilton. Acompanha o músico em suas apresentações solo, seus duos e inúmeras formações que experimenta pelo mundo.
Gravado em apresentações entre Áustria, França, Finlândia, Alemanha e Suíça em março de 2010, o disco alterna composições próprias com releituras. De sua própria lavra apresenta a delicada canção que batiza o disco, e serve de trilha perfeita para a bela imagem da capa, em foto de seu empresário Marcos Portinari. Também traz Pros anjos e Etienne. Hamilton abre o álbum com seuNegro samba, inspirado nos afro-sambas de Baden Powell e Vinicius.
Da reverência para a fonte, volta aos autores em Canto de Iemanjá e Canto de Ossanha em incrível recriação que exalta o duo de virtuose e emoção, marcante característica de Hamilton. Chico Buarque aparece em O que seráenquanto Pixinguinha é lembrado em Vou vivendo. Hamilton classifica como "das mais bonitas melodias brasileiras" a composição 7 anéis, de Egberto Gismonti.
O novo álbum abre o que será ainda uma série de comemorações. Além de um CD-livro com a Sinfonia monumental, homenagem aos 50 anos de Brasília, a temporada pelos 10 anos do instrumento ainda vai render o CDGismontipascoal que homenageia Egberto e Hermeto. Em DVD com seu Quinteto traz mais dois lançamentos: um que marca o encontro com Hermeto Pascoal e outro vídeo com concerto na França.
Hamilton é artista único, sem par. Não só pelo instrumento personalizado, mas também pela personalidade artística, com interpretações marcantes. Seu bandolim pode fazer barulho e chorar baixo, que sempre traz a marca do jovem mestre. Com apenas 34 anos de idade e já 20 de carreira, o músico é nome respeitado e reverenciado no Brasil e no exterior.
