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18.11.10

Marcelo Jeneci lança disco de estreia que já nasce candidato a melhor do ano


O Globo - 18/11/2010 - Por Leonardo Lichote
Marcelo_Jeneci
RIO - A primeira música que Marcelo Jeneci compôs, "Amado", foi uma das mais tocadas de 2009, na voz de Vanessa da Mata (sua parceira na canção). "Longe", feita com Arnaldo Antunes, que a lançou, encantou o cantor romântico Leonardo a ponto de ele regravá-la - num registro que, como "Amado", foi parar em trilha de novela. Com José Miguel Wisnik, ele fez, entre outras, a filosófica "Feito pra acabar", que dá nome e fecha seu CD de estreia (Slap/Natura Musical). Ao final dela, Jeneci quase grita o refrão "A gente é feito pra acabar/ A gente é feito pra dizer que sim/ A gente é feito pra caber no mar/ E isso nunca vai ter fim", e o arranjo épico esvanece num piano em fade out. O silêncio que se segue (para quem ouve o álbum como um LP, sem shuffle ou repeat) dá a impressão de que algo muito importante acaba de acontecer. E não é efeito apenas das cordas de Arthur Verocai, que conduzem o ouvinte àquele estado de elevação. O disco, que nasce como candidato a melhor do ano, apresenta um artista maduro aos 28 anos, que conjuga em si - como atestam os nomes que circulam em torno dele, de Leonardo a Wisnik, passando por Vanessa e Arnaldo - diferentes momentos (e camadas) da canção popular brasileira. A mais popular, sobretudo.
- Fui abençoado por um crivo popular, vendo TV aberta e filmes mais do que lendo livros - conta Jeneci. - Cresci ouvindo a música que meu pai consumia: Roberto Carlos, Alceu Valença, trilhas de cinema tipo "Labirinto", "História sem fim", "Carruagens de fogo", Jean-Michel Jarre, essas coisas. Na adolescência, muito rádio e muita novela. Minha formação se deve muito ao fato de eu ter nascido numa periferia (Guaianases, distrito da Zona Leste de São Paulo), onde só chegava o que era mais pop. Não conhecia os discos dos artistas, apenas as canções que tocavam no rádio ou na TV. Não que eu considere privilégio crescer vendo TV aberta ou, por outro lado, lendo filosofia. Penso que as duas coisas são muito valiosas. Só estou dizendo que minha base, o tronco da minha formação, é popular. Tudo o que faço passa um pouco por aí. Os galhos é que me levaram à alta cultura, à poesia mais profunda.
O caminho que levou o menino de Guaianases ao posto de compositor celebrado por colegas e pela popularidade de novelas e rádios começa com a sanfona. Ou melhor, as sanfonas. Seu pai trabalha com a eletrificação do instrumento, com clientes como Toninho Ferragutti e Dominguinhos, outros dois nomes fundamentais que circundam a história de Jeneci. O primeiro o indicou como seu substituto na banda de Chico César. O segundo deu a ele a sanfona que lhe permitiu aceitar o convite - ele treinava nos instrumentos deixados na loja do pai, não tinha o seu próprio.
- Eu tinha a necessidade de um sanfoneiro que mexesse com eletrônica, com samplers - conta Chico César. - Ele veio recomendado pelo Toninho Ferragutti, que tocava comigo. Tinha então 17 anos e, já no primeiro show, sem ensaio, tocou tudo certo e até copiou os improvisos do Toninho. Depois fiquei sabendo que ele tocava sanfona havia poucos meses. Tive então de mandar uma carta para um general do Exército pedindo a liberação dele do serviço militar para que pudesse viajar em turnê comigo para a Europa. Era um adolescente mesmo, um menino. Toda a família, os amigos e o pessoal da igreja dele vieram ao aeroporto de Guarulhos se despedir, chorar, fazer recomendações, pedir para que eu tivesse cuidado com ele e tal.
O adolescente se despediu da família e pôs o pé na estrada. Além de Chico, tocou como instrumentista (piano e sanfona) com artistas como Vanessa e Wisnik. E, assim, foi conhecendo o mundo, artistas e universos diferentes daqueles das novelas e rádios de sua infância e adolescência. Um dia, percebendo que tocar músicas alheias - mesmo com um toque autoral - estava ficando pouco, teve o estalo de começar a fazer suas próprias canções:
- Estava viajando com Vanessa. No avião, ouvindo "Ventura", do Los Hermanos, caiu a ficha: "Tenho que comprar um violão e uma guitarra." Quando comecei a tocar esses instrumentos, nos quais não sabia para onde ir e com os quais eu não tinha a menor intimidade, as músicas começaram a nascer. Era um virtuose da sanfona, mas me dei conta de que habilidade excessiva pode atrapalhar a criação. Foi na guitarra que jorraram as canções.
   
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